
Não sou um grande apaixonado por futebol, mas os comentários são tão contagiantes que acabo sem querer sendo envolvido nas discussões sobre o tema. Dias antes de começar o campeonato, os frades em nosso convento, já se planejam com relação da possibilidade do jogo do Brasil acontecer exatamente na hora da missa.
O clima e os comentários estão em todos os lugares, onde quer que estejamos encontramos sinais visíveis dessas manifestações; são ruas enfeitadas, pessoas fazendo promessas, datas de casamentos sendo trocadas, mudanças na rotina de trabalho e etc. Outro dia fui celebrar a Missa em uma pequena comunidade e no final o coroinha me perguntou: porque o senhor não falou da copa do mundo? Perguntei-lhe por que deveria ter falado? Ele foi categórico: todo mundo fala! Por que o senhor não falou e não rezou pela Seleção Brasileira? Voltei para o convento pensando: SE DEUS ESTIVESSE NA COPA DO MUNDO, DE QUE LADO JOGARIA OU TORCERIA? Pois bem, acho que Deus jogaria e torceria para que esta Copa fosse um tempo de confraternização, de solidariedade e de jogo limpo.
Acho que não estou cometendo uma heresia, mas gostaria de dizer que o Campeonato Mundial bem que poderia ser uma maneira de encontro com o Senhor, de segui-lo e de caminhar rumo à santidade. Nele reconhecemos valores nobres como trabalho em equipe, jogo limpo, solidariedade, unidade e companheirismo. Mas também descobrimos ameaças: uma desmedida exaltação de ídolos, rivalidades, mercantilização do esporte e a violência.
João Paulo II definia o futebol como “uma forma de jogo, simples e complexa ao mesmo tempo, na qual as pessoas sentem alegria pelas extraordinárias possibilidades físicas, sociais e espirituais da vida humana”. O Cardeal Joseph Ratzinger, hoje Bento XVI, disse: “a fascinação pelo futebol consiste, essencialmente, em saber unir de forma convincente dois sentidos: ajudar o homem a se autodisciplinar e ensiná-lo a colaborar com os outros dentro de uma equipe, mostrando-lhe como pode enfrentar os outros de forma nobre.”.
A Copa do Mundo é também um desafio para a Igreja: o futebol atrai muitos sacerdotes, religiosos, assessores, animadores de nossas comunidades paroquiais. Devemos separar o futebol de Deus? Ou estamos diante de uma preciosa oportunidade evangelizadora, de descobrir e estimular valores presentes no futebol? Devemos falar de Deus no estádio, falar dos valores do futebol na hora do jogo e também em nossas celebrações. Portanto, devo dizer: Deus está na Copa do Mundo, jogando com os que querem um mundo melhor, um mundo de paz e fraternidade.
Como conclusão, gostaria de dizer que meu coroinha tinha razão: devemos falar e rezar em nossas Igrejas da Copa do Mundo. Oxalá que este Campeonato Mundial na África seja um excelente meio para se viver um clima de festa esportiva, de irmandade entre os povos, de lealdade nos jogos e de beleza no espetáculo da bola.
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