A cidade de Barra do Corda recebeu entre os dias 12 e 13 de março o encontro regional dos Frades Capuchinhos. Os religiosos se reuniram para realizar o seu capítulo regional com momentos de estudos e discussão de assuntos administrativos das fraternidades. Além dos frades do regional, estiveram presentes ainda o Ministro Provincial, Frei Deusivan dos Santos Conceição, Frei Luis Rota, definidor da Província e Frei Rodrigo, Pároco em Capanema (PA).
Durante o encontro, Frei Rodrigo propôs aos presentes uma reflexão sobre o Ano da Fé que convida os fiéis para uma autêntica e renovada conversão ao Senhor, único Salvador do mundo. Este é um ano especial para os frades, pois fazem 400 anos de presença dos capuchinhos no Maranhão. Na oportunidade, os religiosos celebraram a memória da missão capuchinha no estado.
No último dia de encontro, foi celebrada uma missa em homenagem aos mártires de Alto Alegre, que morreram há 112 anos no dia 13 de março de 1901. Na celebração estiveram presentes as irmãs de Madre Rubato, que também são frutos desta missão. A missa foi presidida pelo Ministro Provincial, Frei Deusivan e concelebrada pelos frades presentes que reavivaram o legado deixado por estes mártires da fé.
Para Frei Rodrigo, o fervor missionário e o espírito de oração, daqueles que ficaram conhecidos como mártires de Alto Alegre, continuam a inspirar muitas vocações franciscana capuchinha nestas terras do Maranhão depois de 400 anos. Para ele, a presença dos capuchinhos só é possível graças ao ardor missionário daqueles que os antecederam, dando não só o seu suor e suas lágrimas, mas também o seu sangue por amor ao Reino dos Céus.
Relembrando a história: Morte e destruição em Alto Alegre
Cinco horas da manhã de 13 de março de 1901. Padres, freiras e as dezenas de meninas índias e brancas do internato rezavam, quando a capela foi invadida por uma barulhenta multidão de índios enfurecidos, sob o comando do cacique Guajajara Cauiré Imana, o João Caboré.
Aos gritos, como se estivessem em guerra, eles perseguem e matam, ali mesmo, com tiros de espingardas e golpes de facas e tacapes, primeiro os frades. Em pânico, as freiras fogem com as crianças e se escondem no convento. Os outros imploram clemência. Mas, em pouco tempo, quase todos estão mortos, estendidos sobre poças de sangue que se espalham no altar, na nave central, na sacristia.
Entres os mortos estavam Frei Rinaldo de Paullo, o superior dos missionários, Frei Zacarias de Malegno, Frei Vítor de Bergamo, Frei Salvador de Albino e o irmão oblato Pedro de Paullo. Tiveram o mesmo fim por Cristo e pelos irmãos as Irmãs Capuchinhas Eleonora de Peveragno, Inês de Rovagnante, Maria de Voltri, Benedita de Arenzano, Eufêmia de Daglio, Natalina de Voltri, Ana Maria de São Luís e a Senhora Carlota de Barra do Corda.
Em São Luís, na Igreja do Carmo, no dia 23 de março de 1901, os capuchinhos celebraram uma cerimônia cujo tom fúnebre era acentuado pela música regida pelo maestro Antonio Rayol, as "exéquias solenes" das vítimas. O massacre provocou manifestações em todo o país.
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