segunda-feira, 12 de agosto de 2013

OS CAPUCHINHOS E A EVANGELIZAÇÃO: tempo e carisma













Toda Ordem religiosa é um dom do Espírito Santo para a Igreja e para o mundo. A Ordem dos Frades Menores Capuchinhos, reconhecida juridicamente pela bula Religionis zelus, de 03 de julho de 1528, pelo Papa Clemente VII, e na qualidade, por sua vez, de dom do Espírito Santo, tem uma missão especial na Igreja e no mundo: ser no tempo, isto é, no agora da história, presença edificante do carisma para o qual foi chamada.

E qual é o carisma capuchinho? É o retorno ao pensamento de São Francisco de Assis: o ideal de pobreza. Com efeito, o surgimento da reforma capuchinha no século XVI deu-se em torno deste espírito de Francisco, o qual viveu no século XIII pobremente, a fim de viver radicalmente o Cristo pobre e crucificado.

A partir da pobreza, que é o chão movediço do Espírito Santo à Ordem Capuchinha de qualquer tempo e cultura, o ideal de vida dos primeiros capuchinhos caracterizava-se pela simplicidade, pela austeridade, pela vida de oração e pelo amor fraterno. Esta simplicidade despojada dos primeiros capuchinhos os levou à caridade para com os enfermos e, inclusive, para com os atingidos pelas pestes naquela época.

Certamente, do século XVI – período em que surgiram os capuchinhos – ao século XXI, a presença dos Capuchinhos na Igreja e no mundo continua viva e atuante nos cinco continentes do globo: América, África, Europa, Ásia e Oceania.

A expansão da Ordem capuchinha desde há cinco séculos até hoje se deve ao espírito missionário dos frades. De fato, nas Constituições de 1536, acentuou-se a vocação missionária da Ordem.1 O Espírito Santo impulsionava já aqui a mente e o coração dos primeiros capuchinhos a começarem a articular este mandato de Jesus Cristo a seus discípulos: “Ide pelo mundo inteiro e anunciai o Evangelho a todas as criaturas” (Mc 16, 15). Depois do Concílio de Trento (1545-1563), as expedições missionárias transpõem os Alpes e, portanto, a própria região da Itália. Mas, é em 06 de maio de 1574 que a missão se consolida. Pois nessa data e ano o Papa Gregório XIII deu liberdade aos capuchinhos de se expandirem para qualquer parte do mundo.2

Graças, então, à permissão do Pontífice, “os capuchinhos chegaram, pela primeira vez, em terras do Brasil em 1612, com a expedição francesa do conde de Rasilly ao Maranhão; os missionários pertenciam à província de Paris”.3

Constata-se, pois, em termos de fatos históricos que faz parte do quadro memorial o anúncio do Evangelho em terras maranhenses com a chegada destes primeiros missionários capuchinhos franceses: frei Ivo d’Evreux, frei Cláudio d’Abbeville, frei Arsênio de Paris e frei Ambrósio d’Amiens.

A semente do Logos divino lançada por esses missionários regou o solo do Maranhão, produziu o fruto do conhecimento da religião cristã e continua produzindo os frutos de homens e mulheres dispostos a anunciar este mesmo Evangelho nos dias atuais.

Historicamente, é oportuno destacar que a evangelização dos índios foi uma marca presente na atuação missionária desses filhos de São Francisco de Assis, quer seja da parte dos capuchinhos franceses, quer seja da parte dos capuchinhos italianos.

De base, portanto, nestes dados históricos sobre os capuchinhos, convém ademais pôr em relevo a missão dos frades capuchinhos italianos da Lombardia neste Estado. E isso por dois motivos: primeiro, porque a Província Nossa Senhora do Carmo fundada por eles vai celebrar de 5 a 9 de agosto deste ano a semana jubilar dos 400 anos da presença capuchinha no Brasil; segundo, porque todos eles fazem parte desta epopeia comemorativa.

Por ocasião do primeiro centenário da presença dos Capuchinhos Lombardos no Norte e Nordeste do Brasil (1893-1993), constata-se, lendo o livro “... saíram para semear...”, que esses primeiros missionários saíram da Europa para semear mesmo o Evangelho nestas regiões do Brasil. Digo saíram mesmo, porque movidos pela fé atravessaram o atlântico e chegando aqui não mediram esforços e sacrifícios para, montados em lombo de burro mata adentro, enfrentando chuvas e sofrendo picadas de insetos, levarem ao povo de Deus a Boa Nova de Jesus Cristo.

Pois bem, percorrendo um pouco a história desses abnegados desbravadores missionários em terras brasileiras, sabe-se que “os primeiros Capuchinhos da Província de Milão (Itália), chefiados por Frei Carlos de São Martino Olearo, chegaram ao Maranhão em 16.8.1893 e em 12.5.1894 o Padre Geral reconhecia canonicamente a sua presença erigindo a nova Missão (...). A sede principal da Missão sempre foi o Convento do Carmo (...). O trabalho apostólico dos primeiros Capuchinhos se orientou logo no início por um dúplice objetivo: a Catequese dos Índios e a colaboração ao clero diocesano, disperso em vastas paróquias. (...). Frei Carlos, Superior da Missão, já no ano de 1895 aceita a imensa Paróquia de Barra do Corda, porque nela havia numerosos índios Guajajaras e Canelas. Em 1896, animado e impelido por um grande espírito evangelizador, abre a residência missionária de Alto Alegre, no interior da Paróquia de Barra do Corda e dois anos mais tarde abre outra residência missionária no Pará, a Colônia do Prata. Estas casas são destinadas unicamente para a evangelização dos Índios. Tudo procedia bem com imenso entusiasmo e alegria de toda a Missão. Mas, em 13.01.1901 em Alto Alegre-Ma acontece o dramático massacre. Os Índios Guajajaras invadem a residência missionária e matam friamente os Padres, as Religiosas Capuchinhas e todas as pessoas da Colônia. A jovem missão fica abalada e naturalmente esmorece o entusiasmo pela evangelização dos Índios. Contudo, a missão assume por conseqüência como meta prioritária o 2º objetivo, orientando-se mais para uma maior colaboração com o Clero Diocesano. (...). Assim, convidados pelos Bispos da época os frades se especializaram na pregação de Missões populares, nas visitas religiosas, conhecidas como desobrigas, nos imensos sertões do Maranhão e do Piauí e uns chegaram a desobrigar até o Alto Solimões, região da Amazônia, que confina com o Peru e a Colômbia”.4

É preciso dizer ainda que o zelo pela missão e pela evangelização no norte e nordeste do Brasil fez com que muitos freis viessem a morrer muito cedo e muito jovem, vítimas de febre amarela, malária, tétano, afogamento, lepra, massacre e de canseiras por causa das intensas atividades missionárias. Com efeito, uns morreram aos 23 anos; outros, aos 29 anos, aos 31 anos, aos 32 anos, aos 34 anos, aos 40 anos...

Em termos de impressão, percebe-se por estes fatos históricos de doação e sacrifício pelo Reino de Deus da parte dos missionários capuchinhos italianos do final do século XIX e inícios do século XX que “as sandálias nos pés e o dorso do burro parece que davam mais força para pregar” do que hoje quando nos pés se tem o tênis e nas locomoções o carro, cuja tendência por sinal é querer sempre o mais sofisticado e luxuoso, maltratando assim o ideal carismático de pobreza.

A Província capuchinha Nossa Senhora do Carmo teve como Caput et Mater da nova Missão no Maranhão o Convento do Carmo. E continua até hoje! Daqui os frades missionários partiram em Missão, lançaram a semente do Evangelho certos de que o amor a Deus e aos irmãos era a grande força capaz de dar frutos, de humanizar e de santificar cada homem e mulher.

Hoje, a Província Capuchinha Nossa Senhora do Carmo conta com um bom número de frades nativos, vindos do Maranhão, Pará e Amapá. Isto é reflexo da ação missionária desses frades que nos antecederam. A eles, toda honra e glória!

Movida pelo Espírito Santo, a missão da Província Capuchinha Nossa Senhora do Carmo continua viva no seio da Igreja. Presente em três Estado do Brasil: Maranhão, Pará e Macapá, suas atividades pastorais envolvem desobrigas, paróquias, casas de formação, promoção social, escolas e postos de saúde.

Voltando ao tema deste texto, observa-se a presença de dois vocábulos: “tempo e carisma”. Ora, o tempo passa; o carisma, por sua vez, não passa. Com efeito, a celebração comemorativa dos 400 anos da presença dos capuchinhos no Brasil indica que se, por um lado, o tempo e os capuchinhos passam; por outro lado, o Evangelho anunciado por eles no tempo, tal como o bem que fizeram no tempo e, portanto, no Brasil do período imperial e republicano não passam, e muito menos passa o carisma inspirado pelo Espírito Santo a Francisco de Assis na Idade Média, que foi originalmente a vida de pobreza.

Aos capuchinhos de hoje, compete-lhes não perder de vista o ideal carismático e original de Francisco de Assis no hoje dos tempos modernos dominados pelo consumo e desperdício desenfreado das coisas, enfim, pelo desejo de posse e de riqueza.

Se o “ir” foi o grande imperativo categórico dos primeiros frades, convém afirmar que o “ir” continua sendo ainda hoje o grande imperativo categórico válido para todos os frades capuchinhos desta Província Capuchinha Nossa Senhora do Carmo quando se trata da evangelização.

Na certeza deste “ir”, é oportuno destacar, por fim, neste quadro jubilar dos 400 anos da presença dos capuchinhos no Brasil, a presença também iniciante e missionária da Província Capuchinha Nossa Senhora do Carmo em Cuba. O envio dos primeiros frades missionários desta Circunscrição para esse país é o sinal verde do Espírito Santo chamando-a para sair da América do Sul e ir para a América Central, a exemplo dos primeiros missionários capuchinhos que saíram da Europa e vieram para a América do

Sul. Enfim, é o sinal verde do Espírito Santo chamando-a para ser lá um instrumento visível de partilha da Boa Nova do Senhor, do Seu amor e de Sua paz.

Que o Espírito Santo, o Animador das Missões, ilumine todos os missionários capuchinhos do mundo inteiro no anúncio intrépido e incansável do Evangelho!

E que Nossa Senhora do Carmo, padroeira desta Província do Maranhão, Pará e Amapá, acompanhe e proteja os nossos primeiros missionários em terras cubanas no anúncio fiel do Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo!

Frei José Luís Leitão, OFM.Cap

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