“A misericórdia de Deus
está ligada à nossa misericórdia para com o próximo; quando falta esta, também
aquela não encontra espaço no nosso coração fechado, não pode entrar. Assim mostra a parábola do rico avarento e o pobre Lázaro. O portão da casa do
rico estava sempre fechado ao pobre, que ali jazia esfomeado e coberto de
chagas. Ignorando Lázaro e negando-lhe até mesmo as sobras da sua mesa, o rico
desprezou a Deus, segundo as conhecidas palavras de Jesus: «Sempre que
deixastes de fazer isto a um destes pequeninos, foi a Mim que o deixastes de
fazer». Há um pormenor interessante na parábola: enquanto o nome do rico não é
mencionado, repete-se cinco vezes o nome do pobre – chama-se «Lázaro» – que, em
hebraico, significa «Deus ajuda». Assim Lázaro à porta é um apelo vivente feito
ao rico para que se recorde de Deus, mas o rico não acolhe este apelo. Será
condenado, não pelas suas riquezas, mas por não ter tido compaixão de Lázaro
socorrendo-o. Quão errada seja esta atitude, vemo-lo na segunda parte da parábola,
que apresenta invertida a situação de ambos no além-túmulo: o pobre Lázaro
aparece feliz no seio de Abraão, ao passo que o rico é atormentado. Agora o
rico reconhece Lázaro e pede-lhe ajuda, enquanto em vida fazia de conta que não
o via. Antes negava-lhe as sobras da mesa, agora pede para lhe dar de beber.
Mas, como explica Abraão, aquele portão de casa que, na terra, separava o rico
do pobre, transformou-se num «grande abismo», que é intransponível. Assim Jesus
une a pobreza à misericórdia”.
quinta-feira, 19 de maio de 2016
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A misericórdia de Deus
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