“Expulsem os
seminaristas que falam mal dos outros.” Palavras poderosas do papa ao clero e
aos religiosos de Gênova. Como sempre, proferidas contra aquela que,
provavelmente, é a primeira doença da Igreja: a maledicência, a fofoca. “Crie
corvos, e eles lhe comerão os olhos”, lembrou Francisco.
Um ditado antigo que foi
repetido pelo papa na manhã desse sábado na catedral de Gênova. Francisco voltou a condenar
o hábito de falar mal dos outros generalizado na Igreja, chegando, pela
primeira vez, a exortar a que se expulsem os seminaristas que falam mal dos
seus companheiros para colocá-los em maus lençóis.
“No seminário, se você
os criar – explicou –, depois eles destruirão qualquer fraternidade no
presbitério. Há muitas provas disso. Depois, vemos isso nas relações entre
pároco e vice-pároco.”
O convite do papa é a
“recuperar o sentido da fraternidade: é algo muito sério”, explicou. “Nós,
padres, não somos o Senhor, somos os discípulos e devemos nos ajudar, brigar
também, porque, se há discussão, há liberdade, confiança, fraternidade”.
A calúnia é uma doença
presente na Igreja desde sempre. E, nos últimos anos, especialmente com o
surgimento dos escândalos que atingiram O Vaticano, ela mostrou toda a sua força. Francisco já havia condenado no longo discurso à Cúria Romana de 2014, quando listou as 15 doenças da Cúria. Entre estas, a doença das fofocas e dos boatos.
Ele disse: “Ela acaba
por se apoderar da pessoa fazendo dela uma ‘semeadora de cizânia’ (como
Satanás) e, em muitos casos, ‘homicida a sangue frio’ da fama dos próprios
colegas e coirmãos. É a doença das pessoas velhacas que, não tendo a coragem de
dizer diretamente, falam pelas costas... Cuidemo-nos do terrorismo das
fofocas!”.
Matéria de Paolo Rodari, publicada por La Repubblica em 27 de maio de 2017. Tradução de Moisés Sbardelotto.
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