Não sei se foi de
manhã ou foi à noite, que na pequena casa de Nazaré, um anjo apareceu para uma
Virgem, a mais bonita e pura jovem de Nazaré, para dizer-lhe que Deus a
escolhera para ser a mãe do Salvador. Ela assustou-se por não ser ainda casada
e por isto não podia ser – pensava ela – a mãe do nascituro Salvador. Seu nome
era Maria, seu noivo José. Naquele dia o Verbo eterno, por quem tudo fôra
criado, escondeu-se na clausura virginal daquela jovem, vestiu-se da carne
humana e veio salvar a humanidade.
Porque Ela nos deu o
Salvador, tornou-se “a Mãe do meu Senhor” (Lc 1, 43) como a chamou Isabel.
Deste dia em diante, os que cremos no Evangelho a proclamamos “Mãe de Deus”, a
mais alta diginidade a que pode ser exaltada a criatura humana.
Se as mães merecem
ter um dia no ano para serem carinhosamente homenageadas – e foi no domingo deste
mês – a Mãe de Deus, que nos foi dada também por mãe na tarde dolorosa do
Calvário, bem merece ser lembrada e homenageada o mês inteiro neste maio, “mês
de Maria”.
Seríamos muito pobres
e miseráveis, se nos dissabores da nossa caminhada terrena não A tivéssemos
como mãe protetora e solícita. É só lembrar a cena evangélica das bodas em Caná
da Galileia. Por discretíssimo pedido de sua Mãe, Cristo Jesus transformou barris
de água em vinho de alta qualidade.
As confidências, que
a mente e o coração do sacerdote guardam, relatam as graças do céu tão
abundantes, vindas da intercessão de Maria Santíssima em favor das mães que
imploram por seus filhos. Esta solicitude da Mãe de Jesus pelos cristãos é
descrita de maneira colorida pelos poetas, que têm o carisma de dizer as coisas
com graça e beleza. Já Dante, na Divina Comédia, havia advertido a quem quer
algo do céu e não recorre a Ela é o mesmo que querer voar sem asas.
Outro poeta, mais
perto de nós, com soneto decassílabo, descrevendo “a oração mediadora de Maria”
que sobe em especial ao coração de Deus, finaliza: “Estrela da manhã (...) a
luz do teu olhar abre clareiras. / E o caminho do céu só tem barreiras / sem as
asas da tua intercessão”.
Maio, mês de Maria, é
convite para olhar o céu em homenagem à Mãe de Deus. Daí a certeza da proteção
divina para nossos passos nesta difícil ascenção a que somos convidados. A
razão de nossa confiança filial em Maria é que Jesus, depois de nos ter dado
tudo que podia, ainda na cruz nos deu Nossa Senhora!
DOM BENENDICTO DE ULHOA VIEIRA
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