segunda-feira, 20 de setembro de 2010

Humildade não significa ser menor

Vivemos numa sociedade que tem grande necessidade de escutar de novo a mensagem evangélica a respeito da humildade. A corrida para ocupar os primeiros lugares, quem sabe esmagando a cabeça dos outros, a competição desenfreada, o arrivismo e outras expressões de desequilíbrio, todas originadas no orgulho, são atitudes, por um lado, desprezadas e por outro, infelizmente, seguidas. O Evangelho tem força social quando fala de humildade e modéstia: “Depois de lavar os pés dos discípulos, Jesus vestiu o manto e voltou ao seu lugar. Disse aos discípulos: “Entendeis o que eu vos fiz? Vós me chamais de Mestre e Senhor; e dizeis bem, porque sou. Se eu, o Senhor e Mestre, vos lavei os pés, também vós deveis lavar os pés uns aos outros” (Jo 13, 12-14). Tal espírito de serviço é destinado a fermentar as relações sociais com sadio realismo e coragem para estabelecer novos parâmetros no relacionamento humano.
Em tempo de intensa competição por cargos políticos, pode parecer estranho falar de humildade, pois a ordem do dia é mostrar as próprias qualidades em detrimento do comportamento “do outro lado”. Ao cristão cabe a coragem de nadar contra a correnteza, propondo e experimentando em si um comportamento diverso. A palavra "humildade" tem parentesco com "homem" e as duas derivam de "húmus", que significa "solo", "fecundidade". Humilde é aquele que está embaixo, perto do solo e, justamente por isso, se arrisca menos a perder o equilíbrio. Tem os pés firmes na terra! É, pois, “humano” ser humilde! A pessoa humilde não pretende ser maior nem menor do que realmente o é. A fecundidade de sua existência depende de se oferecer, em espírito de serviço, para realizar o que é capaz na direção do bem dos outros. A modéstia faz mais belos os dons que foram concedidos a cada um. Mas humildade e modéstia só combinam com o amor de caridade! Quem escolheu viver para amar na medida do amor de Deus aceita ser apoio para os outros com humildade, sem humilhação.

Para um pai ou uma mãe de família, humildade pode ser debruçar-se para escutar histórias de um filho, ir ao encontro do outro que faz mil perguntas desconcertantes, ou fecundar com um sorriso o final de um dia. No trabalho, esta virtude pode significar iniciativa e criatividade. Uma pessoa descobrirá na capacidade de escuta seu caminho de humildade. Outra, no campo desafiador da política, poderá diminuir a arrogância de muitos dos discursos e tornar-se mais realista e mais simples, abrindo-se para a colaboração dos outros, propondo com realismo os passos em vista de uma mudança social mais consistente.

Jesus foi ao encontro de todos. Nós O vemos conversando com jovens e velhos, publicanos e prostitutas, justos e pecadores ou convidado a tomar refeição em casa de um fariseu (Cf. Lc 14,1-14). Já nas bem-aventuranças começavam os convites aos pobres, aflitos, mansos de coração, famintos, perseguidos! Ao contar os detalhes daquela refeição, o Evangelista São Lucas abre o horizonte da compreensão do grande banquete escatológico a que Deus convida todos os homens e mulheres.

É ocasião para duas pequenas parábolas. Aos convidados, Jesus parece ensinar normas de etiqueta social, mas na realidade desnuda as intenções com as quais ali se encontravam, propondo-lhes a entrada da festa do Reino de Deus pela estrada do serviço, já que muitos queriam entrar com os privilégios de eventuais indicações privilegiadas. Ao dono da festa, Cristo esclarece que um gesto aparentemente magnânimo pode esconder interesses! Dá muito trabalho – a prática da virtude! – entender que será feliz quem fizer as coisas por absoluta gratuidade: “Serás feliz, porque eles não te podem retribuir” (Lc 14, 14).

Se existe entre nós muita competição e egoísmo, por outro lado, são muitos os testemunhos de pessoas gratuitas em seu relacionamento, gente alegre e feliz que dá tudo de si para o bem dos outros. Olhando ao nosso redor, veremos florescer esta magnífica espécie! São flores da virtude da humildade, daquela humildade das flores, que tiram da terra apenas e só aquilo que precisam para serem vivas e bonitas, como Deus nos quer!

Dom Alberto Taveira Corrêa
Arcebispo Metropolitano de Belém do Pará

Um comentário:

  1. Competição? Quem foi que disse que nós estamos competindo? A mídia? O pior é ver as pessoas acreditando e competindo mesmo. Aí, compete vizinho com vizinho, amigo com amigo, irmão com irmão, colega com colega e acabamos nos tornando inimigo de quem na verdade luta pela mesma causa. Inimigo na verdade não é o seu irmão, inimigo é o concentrador de renda, o egoísta. A bíblia nos diz em provérbios cap. 16 vers. 28 que “O homem perverso instiga a contenda, e o intrigante separa os maiores amigos”, esse tem sido o papel de alguns nos últimos tempos apregoando que os pobres devem ter os mesmos desejos dos ricos, esse consumismo desenfreado só gera contenda e violência. Em alguns momentos de atividades cerebrais aleatórias fico imaginando e me revolto ao constatar que tem gente que tem a capacidade de jogar a culpa dos problemas sociais nos menos favorecidos e ainda tem coragem de dizer que pobre é pobre porque é incompetente. Meu querido, a competência do pobre foi cassada no ensino! Essa competição que é apregoada é desumana e desleal.
    O que está faltando a muitos é o amor de Cristo, exemplo de humildade, mesmo sendo mestre se comportou e se colocou como servo. Ainda no livro de provérbios tem um versículo que diz o seguinte: “O temor do Senhor é a instrução da sabedoria, e diante da honra vai a humildade”. Acredito que está na hora de sairmos do redemoinho do falso prazer e tentar mostrar com testemunho o que é realmente humildade, fazendo exatamente o que Deus espera de nós. O conselho que Deus nos dá nos dias de hoje é: “amai a vossos inimigos, bendizei os que vos maldizem, fazei bem aos que vos odeiam e orai pelos que vos maltratam e vos perseguem”. Fazendo isso meus irmão a honra é certa.

    Que a graça e a paz de Cristo estejam sobre as nossas vidas.

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