quinta-feira, 23 de junho de 2011

"A única certeza que temos ao nascer..."



É do conhecimento de todos o texto que fala que quando nascemos estamos chorando e os que nos aguardam estão sorrindo. Devemos viver de tal forma que ao morrer estejamos sorrindo e todos os que nos são caros estejam chorando. O homem só descobre o sentido da vida quando ele tem coragem de refletir sobre a morte, portanto é na morte que o homem encontra o sentido na vida.

Alguns anos atrás trabalhei em uma grande paróquia e uma das realidades mas difíceis que me deparei estavam intrinsecamente ligadas com a morte. Como pastor, em uma comunidade grande esta é uma realidade que temos que saber enfrentá-la, mas muitas das vezes as palavras nos são insuficientes, por esta razão muitas vezes preferir o silêncio, o cala-se diante desta realidade finita ao ser humano.

Em Imperatriz um grupo de amigos iniciaram um trabalho com os doentes terminais de câncer e um deles me escreveu um texto de uma experiência recente e que aqui gostaria de compartilhá-la com vocês, caros leitores, para que todos possam refletir sobre a única verdade que temos ao nascer: de que vamos morrer e, que esta é uma realidade que não podemos fugir. Se não podemos fugir, temos que saber enfrentá-la com dignidade, pois será isso que fará a grande diferença em nossa vida.

Recordo-me de uma história de um professor jesuíta John Powell que fala sobre um de seus alunos que estava morrendo de câncer. Certo dia, esse jovem aproximou-se de Pe. Powell e disse-lhe: “Padre, há pouco você falou uma coisa em classe que fez com que eu aceitasse morte mais facilmente”. Surpreendido, o sacerdote perguntou-lhe: “O que foi que eu disse?”. O aluno respondeu: “Você disse que havia duas grandes tragédias na vida, e que morrer jovem não era uma delas. A primeira é morrer sem nunca ter amado ninguém. E a segunda é morrer sem ter dito aos seus entes queridos que alguém os amava”. O jovem continuou: “Nestas últimas semanas, pensei muito nessas palavras e me dei conta da bênção que tem sido a minha vida. Amei profundamente algumas pessoas e, mais recentemente, disse-lhes que as amava. Então, quando as pessoas me perguntam o que se sente ao saber que vai morrer com 25 anos, digo-lhes que não é tão ruim como imaginamos. E, certamente, é melhor que ter 50 e não ter dado nem recebido amor, nem valores de qualquer tipo”.

Veja agora o relato que me foi enviado por esta pessoa que faz parte desse grupo de amigos que acompanham pacientes de câncer em um dos hospitais de Imperatriz. Ela escreveu um texto de sua experiência com o titulo: “Ontem eu chorei, mas tive a certeza da eternidade!”

“Há algum tempo que venho acompanhando a luta de uma jovem de vinte e cinco anos que sofria de câncer, a luta de uma guerreira que acreditava na cura, acreditava na vida, acreditava que seria possível vencer a morte. Quantas lições de vida pude tirar durante os dias em que estive acompanhando-a! Vê-la tão esperançosa, tão alegre me fez perceber o quanto sou pequena diante dos problemas que a vida me impõe. Vê-la morrendo a cada dia e mesmo assim encontrá-la com um sorriso no rosto e com tanta esperança me deram força e a certeza de que nesta vida o que realmente importa é o bem que fazemos aos nossos semelhantes. Lembro-me de uma de nossas últimas conversas na semana passada onde ela me disse: “...vou ficar curada e voltarei a Imperatriz só para vê-la e lhe dar um abraço...”.

Ontem ela morreu! E eu estava ao seu lado – não parecia estar morta, mas dormindo o sono dos justos, o sono daqueles que descansam em paz nos braços de Deus. Morreu sem perder a consciência, morreu acreditando que poderia vencer a morte e talvez a venceu. Venceu ao lutar até o último momento, venceu ao conquistar a eternidade.

Olhando-a adormecida me fez perceber que ali só estava o corpo, a casca maltratada pela doença, mas o espírito e alma já estavam longe, livres de doenças, livres de apegos materiais, mas cheios de amor, cheios do bem que ela plantou e que certamente colheu. E a prova desse amor, foi o gesto que presenciei das enfermeiras chorando e limpando o seu corpo, como se a preparasse para uma grande festa, como se de alguma forma elas soubessem que ainda naquele mesmo dia ela seria recebida com festa no céu.

Se antes era apenas uma certeza, agora tenho a comprovação de que a eternidade existe e que este é o nosso prêmio pelas boas obras que realizamos. Obras movidas não pelo interesse, mas obras que brotam do nosso coração, obras que faz o bem sem olhar a quem. Sou grata a Deus por ter colocado em minha vida este anjo chamada de JUCILENE, com ela pude aprender mais uma lição de vida: de que mesmo diante da dor e do sofrimento não devemos desistir, mas manter a esperança até o fim, pois só assim conquistaremos a eternidade e seremos recebidas com festa no céu”.

Todos tememos a morte, mas não podemos deixar de refletir sobre esta realidade última e aqui volto a repetir: “É na morte que encontramos sentido para a vida"

Frei Rodrigo

2 comentários:

  1. Frei que história emocionante, fiquei realmente comovida com este relato. Obrigado por compartilhá-la com seus leitores. Hoje sei que vivo em um mundinho pequeno como se não precisasse de ninguém. Sou incapaz de um gesto de caridade. E agora ao ler este artigo percebo a grandiosidade do amor e do bem. Meu abraço e reze por mim pobre pecadora.

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  2. Lembrei-me agora de uma história contada por um "cara", espetacular, desapegado a bens materiais.
    Ele disse que certo dia seu pai estava muito bravo porque ele ainda não havia escolhido uma profissão, e perguntou:
    - Meu filho, o que vc quer dessa vida!?
    E ele respondeu:
    - Tudo que eu puder levar, pai.

    Quer resposta sensacional! Faz todo sentido, pois na hora de nossa passagem, não importa o carro que temos, a casa que moramos, a nossa profissão ou nossa conta bancaria... O que importará pra nós naquela hora, serão os detalhes. Amar e ser amado, os amigos e a nossa familia. Devemos refletir bastante sobre como é importante transmitirmos energias boas ao nosso proximo, afinal, é so os sentimentos que levaremos eternamente em nossas lembranças e corações

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