Com a proximidade do Dia de Finados, 2 de novembro, o atual diretor da
Galiana, em Trizidela do Vale e Pároco da Paróquia Nossa Senhora do Perpétuo
Socorro, da Cohab em São Luís, Frei Rodrigo de Araújo, teve a iniciativa de
reverenciar a memória de quatro frades italianos que o antecederam à frente
desse empreendimento que tem sido aos longo dos anos fonte de recursos para a
Província Capuchinha e renda para centenas de pessoas que ali trabalham para sustentarem
de maneira digna às suas famílias.
Os homenageados, Frei Raimundo Valle, Frei Osvaldo Coronini, Frei João
de Deus Garagiola e Frei Alígi Quadri tiveram seus nomes
imortalizados através do plantio de quatro palmeiras régias, logo na entrada da
Cerâmica Galiana.
A ideia de plantar as palmeira logo na estrada da cerâmica foi algo pensando pelo o religioso. Segundo, ele: “achei por bem plantá-las logo na entrada da Galiana para que, ao adentrarem este local, nossos confrades, familiares, amigos e clientes, tenham evocada a memória de nossos antecessores de modo vivamente simbólico. Ou seja, fizemos uma opção por evocar a memória deles não por meio de lápides e estátuas de mármore, mas pelo som dos pássaros, o afago da brisa e a dança das tenras folhagens destas que se tornarão palmeiras gigantes a testemunharem a fé de ícones da espiritualidade que souberam honrar a Deus, deixando valioso legado para a Igreja e as gerações futuras. Concluiu o religioso.
A cerimônia em homenagem póstuma aos
frades missionários, se deu na manhã desta sexta-feira, 30 de outubro, com a presença de
Frei Luis Rota, ex diretor da Galiana e atual pároco da Paróquia de Trizidela
do Vale; Frei Paulo Sérgio Carneiro, guardião do Convento de Trizidela e de
funcionários da Galiana.
Este gesto de amor e de esperança se deu em conformidade com a proposta da CNBB de se adotar um
gesto concreto, neste Dia de Finados, com
plantio de uma árvore em homenagem às vítimas da pandemia e às
tragédias ambientais que vêm ocorrendo no País.
A primeira palmeira é em homenagem a Frei Raimundo
Valle - Nasceu em Cenate San
Leone/Bérgamo/Itália. Chegou ao Brasil em 1954. Sua vida missionária ficou
restrita à região do Mearim, em Esperantinópolis, como desobrigante; em
Pedreiras, como guardião e pároco; por fim, na paróquia de Igarapé Grande.
Construiu a nova igreja matriz de Santo Antônio, em Trizidela do Vale,
reestruturou a matriz de Igarapé Grande e implantou vários projetos sociais e a
Galiana. Faleceu em Belém, mas seu corpo foi transladado para Igarapé Grande,
onde está sepultado. Faleceu aos 58 anos de idade.
A segunda palmeira é em homenagem a Frei Osvaldo Coronini - Nasceu
em Sóvere/Bérgamo/Itália. Chegou à Missão em 1960 e, sua primeira destinação foi
Belém, como cooperador, onde desenvolveu importante trabalho na “cruzada
eucarística”. Desobrigante em Esperantinópolis e Imperatriz, e Pároco em
Coquelândia. Chamado a São Luís, foi Guardião do Convento do Carmo, e serviu a
Vice-província na função de Ecônomo, Secretário e depois eleito
Vice-provincial. Terminado esse serviço trabalhou em Grajaú e Trizidela do Vale
como Pároco e diretor da Galiana, onde iniciara o seu calvário de sofrimentos
que duraria treze anos, passados na Enfermaria Provincial da Lombardia. Faleceu
aos 76 anos de idade e 35 de vida missionária.
A terceira
palmeira é em homenagem a Frei João de Deus Garagiola - natural de
Inveruno/Milão/Itália. Veio ao Brasil ainda postulante, ingressando no
noviciado de Guaramiranga-CE. Colaborou na formação inicial da Vice-Província,
no Postulantado no Anil e no Convento do Carmo. Trabalhou ainda como pároco,
guardião em Trizidela do Vale, São Luís (Anil) onde deixou marcas estruturais
que ainda existem. Quando pároco em Belém deixou um carrilhão de cinco sinos,
oferta de sua família e paróquia natal. Dedicou-se a Galiana, às Santas Missões
Populares e à O.F.S onde foi assistente por muitos anos, destacando-se a nível
nacional. Em 2012, retirou-se na Província mãe, vindo a falecer depois, aos 83
anos.
A quarta
palmeira é em homenagem a Frei Aligi Quadri - Nasceu
em Sforzatica, Bergamo, no dia 11 de janeiro de 1937. Ingressou na Ordem,
pertencendo à Província de S. Carlos Borromeu, no seminário de Albino. Em 1975,
veio para o Brasil após manifestar o desejo ser como missionário. Chegando no
Brasil, foi enviado à Barra do Corda, sendo desobrigante, visitando comunidades
do interior, assistindo fielmente esta epopeia sagrada.
Em 1979 foi enviado à Belém do Pará, para assumir a
formação inicial dos jovens formandos brasileiros no convento Nossa Senhora
Auxiliadora, que hospedava até então as etapas de noviciado e pós-noviciado.
Para tanto,frei Aligi se preparou, frequentando cursos de em vários “centros de
formação” franciscanos do Brasil. Foi precioso colaborador na Pastoral
vocacional, deixando como herança um valioso instrumento usado até hoje: um
opúsculo chamado “Capuchinhos, no rastro de São Francisco de Assis”, que
apresenta biografias de vários santos capuchinhos. Em 1980, de Belém, foi
transladado para Tuntum, onde a Vice-Província tinha acabado de erigir o seu
próprio noviciado. E na função de Mestre de noviços, Frei Aligi desempenhou com
alegria e entusiasmo tal serviço por dez anos consecutivos. De Tuntum, Frei
Aligi retornou a Belém, desta vez para cuidar da formação dos estudantes de
teologia, aqueles que outrora foram seus noviços. Já nos anos 90, entregou-se
com abnegação ao serviço da pastoral nas paróquias: de 1995 a 1998 em
Imperatriz (São Francisco), 1998 em Açailândia, de 1999 a 2001 em Trizidela do
Vale, 2001 a 2005 em Governador Archer. Em 2006 na paróquia do Anil, em São
Luís, como vigário cooperador e confessor das irmãs carmelitas. De 2009 a 2011,
frei Aligi vem novamente para Açailândia, como guardião daquela fraternidade.
Em 2012, assume a Paróquia de Porto Franco, mas, permanece ali somente por sete
meses, retornando à Itália, após 37 anos de serviço à Missão. Frei Aligi
protagonizou o cenário da Vice-província, na formação e na pastoral, e no
nascimento da nova Província do Maranhão-Pará e Amapá, sendo um dos
conselheiros do primeiro governo da nova Província. Deste irmão a Província
deve muito a sua formação. A primeira geração dos frades nativos da
Vice-Província, seus ex-noviços, lhe atribuíram a alcunha de “Padre Mestre”, em
reverência à formação marcante e o autêntico espírito capuchinho impresso na
formação. De sua abnegação e serviço, sobressaem-se inúmeras virtudes, tinha um
jeito fraterno, tímido e engraçado no agir. Caridoso, ajudou muitas famílias
pobres nos projetos de adoções à distância. Veio a falecer aos 83 anos de
idade, entrando também na “caravana” de tantos heróis, capuchinhos ou não, que
tiveram sua peregrinação terrestre encurtada pelo Covid-19.
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