Na viagem
de volta da Terra Santa a Roma, após 4 dias intensos e bastante proveitosos, a
bordo do Boeing 777 da companhia israelense El-Al, o papa Francisco saudou os
jornalistas que o acompanharam no voo e respondeu a onze perguntas sem fugir de
nenhum tema. Não faltaram no papa, segundo as agências, “o candor e o senso de
humor que o caracterizam”.
Sobre o
encontro que se realizará em junho no Vaticano entre o presidente de Israel,
Shimon Peres, e o do Estado Palestino, Abbu Mazen, o Santo Padre redimensionou
o fato esclarecendo que não é uma mediação de paz: "Nós vamos nos reunir
para rezar. Depois, todos voltam para a sua casa". Mas completou: "Eu
acho que a oração é importante, e é importante que nós rezemos juntos".
Sobre a
proposta de Paulo VI de fazer de Jerusalém uma cidade com status internacional,
Francisco disse: "Há muitas propostas. O Vaticano tem a sua posição do
ponto de vista religioso: uma cidade de paz para as três religiões (...) É
necessário ter muita coragem e eu rezo muito a nosso Senhor para que esses
presidentes tenham a coragem de ir em frente".
Outro tema
levantado durante o voo foi o celibato eclesiástico. O papa recordou aos
jornalistas que não se trata de um "dogma de fé" e que existem
sacerdotes casados em diversos ritos orientais da Igreja católica. Por não ser
um dogma, é um tema que sempre pode ser discutido. No entanto, o papa observou
que os temas “em cima da mesa” neste momento são outros. Francisco reiterou,
ainda assim, que o celibato “é uma regra de vida; eu o aprecio muito e acredito
que é um dom para a Igreja".
Outra das
perguntas tratou dos casos de abusos sexuais por parte de clérigos. O papa
reforçou a postura de “tolerância zero” a qualquer eclesiástico que cometa esse
crime e acrescentou que, em junho, receberá no Vaticano um grupo de seis
vítimas de abusos sexuais e as convidará para a missa cotidiana que ele celebra
na Casa Santa Marta. O papa revelou que existem três bispos sendo investigados,
mas não esclareceu se por terem cometido abusos ou por terem ocultado abusos de
outros clérigos. “Ninguém tem privilégios. É um crime horrível que trai o Corpo
do Senhor”, disse o papa, declarando também que os abusos, por profanarem as
vítimas e, nelas, o Corpo de Cristo, "são piores do que as missas negras".
Sobre a
possibilidade de outro papa renunciar e se tornar emérito a exemplo de Bento
XVI, Francisco disse que o predecessor abriu esta possibilidade. “Temos que ver
o papa emérito como uma instituição. Só Deus sabe se haverá outras [renúncias],
mas a porta está aberta". Francisco afirmou que não tem um programa
prefixado e que, no momento oportuno, "farei o que nosso Senhor me disser:
rezar e tentar encontrar a vontade de Deus. Mas acredito que Bento XVI não foi
um caso único".
O papa
Francisco respondeu também sobre a reforma da Cúria Romana: “Chegamos a um bom
ponto. Consultamos toda a Cúria e agora começamos a estudar as coisas para
tornar a organização mais ágil; por exemplo, unificando alguns dicastérios”.
Um dos
pontos-chave, disse o papa, "é o econômico. Por isso é que o dicastério de
economia tem que trabalhar com a Secretaria de Estado". Em breve,
Francisco dedicará quatro dias de trabalho ao tema e, em setembro, outros
quatro. "Ainda não vemos todos os resultados, mas a parte econômica é a
que veio à luz primeiro (...) O caminho da persuasão é muito importante",
porque "há algumas pessoas que ainda não veem com clareza".
Sobre o Instituto para as Obras de Religião (IOR), conhecido popularmente
como “o banco vaticano”, Francisco disse que "foram fechadas 1600 contas
bancárias, de pessoas que não tinham direito [a manter contas na instituição].
O IOR deve servir para ajudar a Igreja. Quem tem direito [a manter contas] são
os bispos e as dioceses, os empregados do Vaticano e as viúvas deles, as
embaixadas e mais ninguém".
Quanto ao
Sínodo da Família, o papa declarou que ele tratará “das riquezas e da situação
atual da família: mas eu não gostei de ver que muitas pessoas, inclusive na
Igreja, disseram que o sínodo é para dar a comunhão aos divorciados que
voltaram a se casar, como se tudo se reduzisse a uma casuística. Hoje sabemos
que a família está em crise, é uma crise mundial, os jovens não querem se casar
e apenas vivem juntos. Não gostaria que caíssemos nesta casuística de poder ou
não poder dar a comunhão”.
do Sítio Zenit
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