“Se em tudo o que fizermos colocarmos o nosso coração teremos
gestos únicos e verdadeiros passíveis de toda aceitação de Deus”.
Hoje
estou aqui para contar um relato muito especial para mim. Na verdade, levei algum
tempo pensando em escrevê-lo, mas não estava me sentindo preparada, pois,
contá-lo era necessário deixar um pouco a emoção de lado, mas na medida do
possível tentarei descrevê-lo sendo o mais fiel possível aos acontecimentos.
Há
cerca de dois meses, deu entrada em um hospital de Imperatriz que trata de
doentes de câncer um jovem de mais ou menos 30 anos. Este jovem descobriu estar
com câncer na garganta E o estágio em que se encontrava já não havia mais
nenhuma possibilidade de cura, foram feitos apenas tratamentos paliativos (para
dar conforto, amenizar a dor e prolongar a vida) e foi um período de muito
sofrimento para sua mãe, que com todo carinho cuidava dele. Foram muitas idas e
vindas aos médicos, noites em claro no hospital, muita dor, sofrimento e acima
de tudo muita fé.
Eu gostaria de abrir um parêntese aqui para dizer que eu acho que todas as pessoas deveriam passar um dia em uma dessas enfermarias que cuidam dos pacientes terminais, para aprender o que é a vida. Para se dar mais valor ao que se têm, às pessoas que estão perto de nós, para deixarmos de ser arrogantes, egoístas e arrancar do nosso âmago qualquer fagulha de superioridade que possamos ter escondidos no nosso ego. Porque é lá dentro que a gente vê que nós não somos nada.
Eu gostaria de abrir um parêntese aqui para dizer que eu acho que todas as pessoas deveriam passar um dia em uma dessas enfermarias que cuidam dos pacientes terminais, para aprender o que é a vida. Para se dar mais valor ao que se têm, às pessoas que estão perto de nós, para deixarmos de ser arrogantes, egoístas e arrancar do nosso âmago qualquer fagulha de superioridade que possamos ter escondidos no nosso ego. Porque é lá dentro que a gente vê que nós não somos nada.
E
quero ressaltar também o meu respeito e minha admiração por este hospital que
trata os pacientes e as famílias com dignidade, carinho e pode-se dizer, até
amor. Se tem uma coisa que funciona bem, é o centro de oncologia desse hospital
e eu presto todo meu louvor aos profissionais que desde o faxineiro até o
diretor, lidam com a morte todos os dias e são de uma sensibilidade
indescritível.
Bom,
voltando ao relato, esse período em que este jovem ficou internado, presenciei
muitas coisas e vi muitas histórias que me marcaram muito. Esse setor onde ele
estava internado tinha mais ou menos
seis pacientes, o quarto é reservado só para os homens. Neste quarto eu já presenciei muitas pessoas morrerem, mas a morte desse
jovem me chamou a atenção pela forma em
que ele se despediu dessa vida de ilusão, para viver e ter o verdadeiro
encontro com o Senhor na eternidade. Ele
primeiro pediu a benção de sua mãe, depois fez o sinal da cruz e, logo em
seguida com gestos com as mãos deu “tchau” aos demais pacientes e morreu... Ele
estava sereno e consciente de que chegara a hora do seu encontro com o Pai. Não
estava triste e nem demostrava sentir dor, mas plenamente tranquilo, como se de
alguma forma quisesse dizer “tudo está consumado”, “fiz a minha parte”, “combati
o bom combate e agora descansarei em paz”.
Diria se não fosse pela situação, que este jovem teve uma linda morte,
porque através desses três gestos ele conseguiu se eternizar para sempre no
coração de sua mãe e no coração de seus amigos de enfermaria. Creio, ainda que
tenha ganhado o perdão de Deus por todos os seus pecados ao fazer o sinal da
cruz, como prova de sua devoção e fé ao Cristo crucificado que tanto sofreu por
nós.
Enfim, depois de ter presenciado este
episódio, acredito, que não são os sorrisos ou as lágrimas que ditam a nossa
passagem por esta vida, mas sim as palavras que surgem e os gestos que se
realizam antes e depois do nosso encontro com o Senhor. Por isso, quero aqui prestar a minha
homenagem a este jovem e dizer: Você se foi... Mas ficaram em mim, tuas
palavras, teus gestos... Hoje regozijo tua lembrança. Saibas que ficará para
sempre em minha memória, descanse em paz!
Frei que belo artigo. O senhor como sempre nos emocionando com as suas histórias. Um abraço.
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