segunda-feira, 5 de fevereiro de 2018

DISCURSO DE DESPEDIDA DE FREI RODRIGO DA CIDADE DE CAPANEMA


“Somos servos inúteis, porque fizemos somente o que devíamos fazer(Lc 17,7-10)

Temos só um dever na terra: cumprir bem a nossa obrigação. Apesar de ser uma simplificação muito fácil, esse modo de dizer ensina que temos de ser responsáveis por aquilo que fazemos. E aquilo que fazemos dirá aos outros quem somos.
Sou muito grato a Deus por me ter permitido conhecer de perto a vida, a cultura, a história e a religiosidade de vocês, fiéis católicos da Paróquia Nossa Senhora do Perpetuo Socorro e de toda a população capanemense. 
Aqui cheguei no dia 30 de janeiro de 2012, era início da tarde do dia 30 de janeiro de 2012, uma segunda-feira, penúltimo dia do mês. Na viagem do aeroporto de Belém para Capanema, meu antecessor falou-me sobre a paróquia e seus desafios. Confesso que alguns dos assuntos me preocuparam, outros me deixaram muito animado.
O tempo passa rapidamente e através dele construímos uma história que ficará para sempre guardados na nossa memória e preservados para as futuras gerações. Aqui estou há seis anos e, a cada dia, semana, mês e ano, sonhamos, planejamos e realizamos projetos que a “olhos nus” pareciam impossíveis. Não permitimos que ninguém cortasse nossas asas, estreitasse nossos horizontes e tirassem as estrelas do nosso céu. Nunca permitimos que nossos medos fossem maiores do que a nossa vontade de voar.  A tão fatídica frase “sempre fizemos assim”, foi ficando para trás, dando lugar novos desafios e conquistas. 
Quem tem medo das mudanças não tem fé no Senhor da história. A Conferência de Aparecida nos recorda que, todos os dias, há mudanças profundas no mundo e na igreja e que as mudanças chegaram para ficar (nn33-100).
Quem tem medo das mudanças não compreende que o Senhor conduz os rumos e as intensidades da história. Quem não sabe entender as mudanças nem esquadrinhar Deus nelas andará sempre como um errante sem rumo e sem horizonte.
Neste marco, não há dúvida que Aparecida e o pontificado de Francisco, significam um chamado radical à conversão pessoal e estrutural na Igreja como ponto de partida para assumir a dimensão missionária diante da atual realidade que estamos vivendo.
O Documento propõe percorrer um caminho, em quatro etapas (nn.226) e ao longo destes seis anos em sintonia com a Diocese, procuramos colocar em prática com grande zelo pastoral essas ações: Uma Igreja em estado permanente de missão, experiência das pequenas comunidades, formação bíblica-teológica e uma presença constante no mundo da comunicação social com a TV Mãe de Deus, rádio comunitária e os outros meios existentes. A evangelização não pode prescindir dos meios de comunicação social. Com eles, a Igreja proclama “sobre os telhados” a mensagem de que é depositária (DAp,n.485).
A mim, coube apenas edificar a construção do Reino de Deus. Procurei, dentro dos meus limites, e com a parceria de todos, anunciar a Palavra de Deus nas mais diversas ocasiões e recantos desta Paróquia, incentivando os fiéis para o verdadeiro encontro com Cristo na escuta da Palavra de Deus e na vivência dos Sacramentos, sobretudo, através do Sacramento da Eucaristia. A interpelação aos fiéis para que se mantivessem firmes e perseverantes foram constantes em minhas pregações. O bem espiritual da minha comunidade foi sempre a minha preocupação número um.
As preocupações de estar ao vosso lado, principalmente das comunidades mais afastadas e carentes me levaram junto com nossas lideranças a percorrer todos os nossos bairros, celebrando em muitas ruas com as equipes dos mutirões de evangelização.
Saibam que levarei comigo belas recordações desses momentos de evangelização. Hoje, quando passo pelas ruas e bairros de Capanema, lembro-me de que “aqui já estivemos”, “ali celebramos” e de que “àquela casa” serviu de apoio e de sacristia. 
Cumprimos o mandato de Jesus e aceitamos o convite do Papa Francisco para sermos uma “igreja em saída”. Foram seis anos como pároco, seis anos de intensos trabalhos missionários, (todo último sábado de cada mês tivemos o nosso mutirão de evangelização), tudo o que realizamos teve um único objetivo: levar a Igreja mais próxima possível do povo.
Como pároco desta comunidade, procurei não negligenciar em relação aos cuidados com o patrimônio físico da comunidade paroquial. Procuramos zelar, preservar e melhorar os bens pertencentes à nossa Paróquia. O que conseguimos fazer nestes seis anos? Para Deus nada é impossível. Fizemos tantas coisas que aos olhos humanos seriam impossíveis de se concretizarem em tão pouco tempo.
Procuramos zelar e preservar: Nossas capelas estão todas bem conservadas e quase todas passaram por reformas. As que não tinham centros de pastorais, hoje podem contar com grandes espaços para catequese e atividades pastorais. Além da construção destes centros, construímos algumas capelas.
O maior de todos os nossos projetos e sonhos foi a construção do Centro de Convenções Sagrada Família. Sonhar e ficar esperando que o sonho se realize, sem agir ou fazer algo, não nos leva a lugar nenhum. Existem sonhos que sonhamos sozinhos e existem outros que sonhamos juntos. Todo sonho tem um toque de atrevimento, ousadia, porque não se restringe ao real, escapa ao racional. E um dia eu sonhei, sonhamos! E hoje, posso dizer com grande emoção: O sonho foi concretizado! Ele existe, ele é real! Um sonho que não poderia ter sido realizado se vocês não tivessem sonhado junto comigo. Hoje, o Centro de Convenções Sagrada Família é um espaço cultural e religioso de encontro, diálogo e fraternidade, com capacidade para receber até 10 mil pessoas. Ele é de vocês! E muito me honra em ter sido co-autor desse patrimônio que ficará a serviço da comunidade católica e de toda população capanemense. 
Mais uma vez afirmo: Não fiz nada sozinho! Na verdade, em cada comunidade, contei com colaboradores eficientes que me ajudaram a conduzir os trabalhos voluntariamente e com muito entusiasmo.
Agradeço o reconhecimento e o carinho que recebi todos esses anos por parte dos paroquianos e ao poder público municipal por ter me concedido o “Título de Cidadão Capanemense”. Neste momento de despedida, quero pedir desculpas por minhas falhas pessoais. Reconheço que algumas vezes fui muito exigente, levando-os a realização de tarefas que exigiram alguns sacrifícios.
A vida é um caminhar, é uma travessia, um percurso longo ou breve, que seja. Passamos a maior parte de o nosso existir caminhando em direção a algo, a um objetivo. Assim sendo, é importante cada passo, cada gesto que nos leve adiante em direção a novos horizontes.
Portanto, é chegada a hora de partir para novos desafios. Com emoção e lágrimas, quero agradecer aos agentes de pastorais, serviços e movimentos. Muito obrigado! Obrigado pela disponibilidade, pelo espirito missionário e pela disposição de Servir a Nosso Senhor Jesus Cristo, através de sua Igreja.
Aos dizimistas e benfeitores, externo também a minha gratidão! Obrigado pela generosidade e pelo compromisso de fidelidade que mantiveram durante estes anos! Obrigado pela confiança que depositaram na minha pessoa. Perseverem e nunca deixem de colaborar com a Igreja, pois sem as suas colaborações fica difícil para qualquer padre dar continuidade aos trabalhos pastorais e administrativos.
Obrigado, aos Frades da minha Fraternidade, Frei Gildo, Frei Francesco e Frei Valdinê que estiveram ao meu lado na árdua missão de apascentar o povo de Deus.
Externo ainda minha gratidão e o meu afeto ao Diácono Silveira e ao Beto, ambos coordenadores do Conselho Paroquial de Pastoral.  Aos diáconos, aos ministros da palavra que muito me ajudaram em todos os trabalhos pastorais e de uma forma específica no atendimento de nossas comunidades. As Irmãs da Congregação do Preciosíssimo Sangue que colaboraram com as atividades pastorais e acompanhamento da liturgia, aos ministros extraordinários da comunhão, aos catequistas pelo o acompanhamento aos adolescentes,  aos Guardas de Nossa Senhora pelos relevantes serviços prestados a esta comunidade. Muito Obrigado!
Obrigado, aos Coroinhas! “Uma família em fase de crescimento” (o grupo dos coroinhas cresceu muito nestes últimos anos), “gosto de vocês, gosto de vocês!”. Com esta expressão, procurei sempre me dirigir aos meus queridos coroinhas. Vocês são o máximo! Agradeço pela presença de vocês em nossas celebrações e por todo o zelo em servir ao Senhor com tanta dedicação. Levarei cada um em meu coração e sempre me lembrarei de nossas gargalhadas. Obrigado!
Ao Dom Carlos, bispo da Diocese de Castanhal os meus sinceros agradecimentos pela confiança depositada, nestes seis anos à frente desta comunidade. Neste momento de despedida, externo minha admiração por sua dedicação como pastor desta diocese. Sou grato por seus exemplos e acima de tudo por ter confiado em mim, para exercer algumas atividades, dentre elas, o de integrar o Conselho de Presbitério e de Vigário da Vida Religiosa.
Uma pergunta pode estar no ar: Por que estou deixando Capanema? Por causa da missão que me obriga a estar sempre à disposição da minha Província para as necessidades da Igreja. Por uma coincidência divina, quis a mãe do Perpétuo Socorro que eu permanecesse sobre a vossa proteção, dando-me a graça de continuar sendo assistido por ela na minha nova paróquia. Serei pároco da Paróquia de Nossa Senhora do Perpétuo Socorro, no Bairro COHAB em São Luís do Maranhão. Saibam que não foi nada fácil dizer sim, pois sei dos possíveis desafios que nos apresentam em consequência desta missão. E sei também o quanto seria difícil ter que dizer até logo a mais uma comunidade que entrou na minha vida e em meu coração. Dizer até logo a uma comunidade que me acolheu com tanto afeto e que ao meu lado me ajudou a escrever com a tinta da paixão e as lágrimas do zelo mais um capítulo em meu ministério.
A minha despedida não carrega um tom de adeus, mas que apenas revela que temos de partir para a continuidade da nossa missão, no entanto essa partida significa a contagem decrescente de tempo para talvez um próximo regresso, dando sequência ao convívio que tenho com comunidade de Nossa Senhora do Perpétuo Socorro e com o povo de Capanema. Aproveito mais uma vez para pedir desculpas pelas às vezes que não pude corresponder aos anseios de vocês, sou humano, e como tal, tenho minhas fragilidades.
E, para me despedir fraternalmente, faço uma sequenciada mistura com pensamentos do imortal poeta português Fernando Pessoa, dizendo que tudo que hoje aqui declarei “Trago dentro do meu coração, como num cofre que não se pode fechar de cheio.” E, respondendo a indagação se “Valeu a pena?”, sem hesitação respondo que tudo valeu a pena, valeu a pena, valeu a pena de forma intensa, por todos os “... momentos inesquecíveis...”, pelas “...coisas inexplicáveis...” e sobretudo pelas “...pessoas incomparáveis.”, fazendo-me plenamente realizado e apto a repetir a sua expressão maior: “Sinto-me nascido a cada momento.”
Enfim! Concluo dirigindo a todos um pedido: Acolham bem o novo pároco desta comunidade, Frei Luís Spelgatti. Ele é digno da missão que está recebendo e tenho certeza que ele vem com muita boa vontade para servir à Igreja de Nosso Senhor Jesus Cristo nesta bela terra de Capanema. Seguramente, ele vem para juntar-se aos Diáconos, Ministros da Palavra, às Irmãs e a todos os agentes de pastorais, serviços e movimentos para dar continuidade à missão evangelizadora.
Sinto-me honrado por fazer parte da história desta cidade e da Paróquia Nossa Senhora do Perpétuo Socorro e por ter o privilégio de ter sido o vosso pastor.
Deus abençoe a todos! Que a Mãe do Perpétuo Socorro continue intercedendo por cada um de nós. Rezem por mim e pelo meu ministério. Deus seja louvado! Um abraço. Obrigado a todos.

Frei José Rodrigues de Araújo (Frei Rodrigo)
Capanema, 04 de Fevereiro de 2018


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