segunda-feira, 26 de fevereiro de 2018

DISCURSO DE POSSE DE FREI RODRIGO NA PARÓQUIA DA COHAB EM SÃO LUIS-MA


“Tudo passa rapidamente, e nós também passamos” diz o Salmo 90,10.  
”O mundo dá muitas voltas” diz o ditado popular.

Ao receber a obediência de que seria designado para esta nova missão na Paróquia Nossa Senhora do Perpétuo Socorro, imagine, o que veio à minha mente? “Meu Deus, estou voltando para o mesmo lugar em que iniciei o meu ministério há 29 anos!”.
Fui ordenado no dia 17 de dezembro de 1988 e minha primeira obediência foi a de trabalhar nesta paróquia como vigário cooperador.  Aqui cheguei no início de fevereiro de 1989,  foi uma passagem rápida! De mais ou menos um ano, porém, muito importante para o inicio de meu ministério sacerdotal, marcando-me profundamente. Daqui fui designado a Roma para continuar meus estudos e ao retornar ao Brasil meu pensamento seria a de voltar para esta comunidade.
A vida dá muitas voltas e o Senhor me levou para outros rumos, levando-me a percorrer lugares diversos servindo a Igreja e a Ordem em locais jamais imagináveis para àquele jovem que aqui chegou em 1989. Veja os planos de Deus: Voltei de Roma e fui servir a Paróquia de São Francisco como vigário cooperador na cidade Belém; depois fui transferido para a Paróquia de São Francisco na cidade de Imperatriz. Depois por um curto espaço de tempo fui chamado à servir a Província Capuchinha Nossa Senhora do Carmo e, ao deixar o cargo fui designado para servir a Paróquia Nossa Senhora do Perpétuo Socorro na cidade de Capanema.

Agora, após 29 anos aqui estou novamente. Deus seja louvado! Por continuar servindo a minha Igreja sobre o manto de Nossa Senhora do Perpétuo Socorro! Elevo as minhas orações ao seráfico Pai São Francisco e como seu filho me coloco sobre a vossa proteção e aos cuidados maternos  da mãe do Perpétuo Socorro  para dar início a mais esta nova missão como pároco desta paróquia. 
... No passado ainda jovem quando daqui sair, desejei voltar, mas Deus tinha outros planos naquele dado momento de minha vida, mas agora aqui  estou novamente, não porque desejei ou pedir... Como frade, não me candidatei para ficar à frente de uma responsabilidade como esta, mas, respondi a uma solicitação, a um chamado, uma convocação. Então eis a resposta: “Eis-me aqui. Envia-me!”. Assim, tomar posse como pároco desta paróquia, não é uma posse como o mundo civil entende, não é uma oferta de bens aos quais devamos nos apegar como propriedade particular, mas é um serviço; tomar posse é responder com amor a um chamado.
Minha nomeação como pároco é um gesto de fé; tanto para mim como para vocês. Confesso que não estava nos meus projetos assumir este serviço. Quanto a vocês, talvez estivessem esperando outra pessoa ou até mesmo merecesse alguém melhor, mais santo. Mas, já que assim quis o nosso bom Deus, vamos juntos! Eu e vocês confiar em Deus e nos seus projetos, “Porque os meus pensamentos não são os vossos pensamentos, nem os vossos caminhos os meus caminhos”, diz o Senhor. (Is.55,8).
Gostaria de antemão, neste dia em que sou apresentado oficialmente, dizer que sou consciente da minha pequenez, das minhas fragilidades; não quero ser visto como um super-homem, pelo contrário, sou de carne e osso, pecador. Confiaram-me a responsabilidade de reger a vida desta paróquia, tanto administrativamente como pastoralmente, sou, portanto, consciente dos desafios. Por isso, estou colocando-me como barro nas mãos do oleiro, confiante não em mim, mas na graça de Deus, esperançoso e certo de que encontrarei pessoas boas, acolhedoras e de bom coração, para juntos sermos colaboradores no anuncio da Boa Nova, carregarmos juntos esse peso para torná-lo mais leve, sermos expressão verdadeira de uma comunidade cristã na edificação espiritual das pessoas.
Diz a canção: “Sozinho, isolado, ninguém é capaz”. Tenho plena certeza de que neste mundo tão secularizado, nesta sociedade tão complexa, não se chega a lugar nenhum, não se realiza nada, centralizando atividades na pessoa do padre. Quero contar com o apoio dos nossos agentes de pastorais, na organização de uma Igreja que seja marcada por gestos de corresponsabilidade, de comunhão e participação. Acolhamos o sonho de fortalecer a Igreja, através de uma fraternidade real, uma rede de comunidades, onde todos se sintam autores e não meros expectadores.
Estou feliz por ser o novo pároco de vocês e sei que poderei contar com a colaboração de todos. E, sem dúvida alguma, digo de coração aberto, podem contar comigo! Farei todo possível para ser como um irmão que não mede esforços para ajudar quem procura.
Nestes primeiros dias o que vamos fazer? Que passos vamos dar? Antes de tudo prefiro contemplar a realidade, perceber as lideranças, compreender o que existe pastoralmente e, serenamente, esperar que vivamos essa fase de adaptação. Tenho muito a conhecer. Logicamente, não vai ser um conhecer a distância, um conhecer inoperante, passivo, porque para conhecer é preciso inserir-se, participar se envolvendo, caminhar por dentro. Não se conhece olhando de longe, apenas assistindo, mas caminhando de mãos dadas. Caminhemos, portanto!
Além disso, devo fazer todo esforço para que a Paróquia de Nossa Senhora do Perpétuo Socorro, continue em sintonia estreita com as orientações da Arquidiocese de São Luís, sob o pastoreio de Dom José Belizário.
Não medirei esforços para preservar o zelo pastoral que meus predecessores sempre tiveram com esta Paróquia. Aqui, em primeiro lugar, quero recordar aqueles que foram os pioneiros nestas bandas, quando ainda surgiam as primeiras casas, os primeiros conjuntos e deram os primeiros passos para a implantação de uma comunidade, que um dia seria a Paróquia Nossa Senhora do Perpétuo Socorro. Figuras como Frei Hermenegildo que aqui chegou em 1968. Passos seguros e com a coragem e a visão de quem vê longe abriu as portas para os que vieram depois, como Frei Liberato, Frei Uderico e Frei Dionísio. A eles a nossa gratidão pela coragem de abrir uma frente de evangelização, construindo estruturas para melhor servir o povo. Este caminho foi feito até o dia 16 de março de  1986, quando foi criada a paróquia e nomeado seu primeiro Pároco Frei Gentil Gianelini, que aqui   ficou até o ano de 1997. Vem em seguida Frei Inocêncio Pacchioni, segundo pároco de 1996 a 2005; Frei Luís Giudicci terceiro pároco de 2006 a 2008; Frei Luís Carlos Morais quarto pároco de 2009 a 2011; Frei Luís Spelgatti, quinto pároco de 2012 a 2013  e Frei Domingos Marques Morais  sexto pároco de 2013 a 2017. Cada um deu a sua contribuição, a eles toda minha reverência e todo meu reconhecimento pela dedicação a esta Paróquia. Deus os abençoe!
Pois bem, consciente da minha responsabilidade frente aos desafios que a cidade de São Luís, o Bairro da COHAB, hoje nos apresenta, consciente de que a Igreja está diante de uma sociedade urbana secularizada, voltada para o indiferentismo da fé e da religião, anseio e acredito que vou encontrar em nossa Paróquia, pessoas dispostas a assumir uma “igreja em saída”, missionária.  É um sonho viver um estilo de Igreja inspirado nas palavras fortes do Papa Francisco quando em um dos discursos no Brasil disse: “Jesus fez assim com os seus discípulos: não os manteve colados a si, como uma galinha com os seus pintinhos; Ele os enviou! Não podemos ficar encerrados na paróquia, nas nossas comunidades, quando há tanta gente esperando o Evangelho! ”.
Alimento a esperança de conseguirmos chegar aonde ainda não chegamos, atingir pessoas distantes, sair em busca delas, não apenas ficar esperando que elas nos procurem. Agora lhes digo com toda franqueza, o como fazer e o que se fazer, não trago a receita pronta na bagagem. Trago apenas um coração aberto disponível para caminhar com vocês e, juntos, tentarmos encontrar os caminhos.
Obrigado ao Dom José Belizário da Silva pela delicadeza com que me recebe em sua Arquidiocese. Obrigado ao Ministro Provincial Frei Silvio Almeida pela confiança em mim depositado. Obrigado pela presença dos meus irmãos no sacerdócio, confrades, diáconos, aos religiosos e religiosas, seminaristas, autoridades presentes, a todas as comunidades aqui presentes e representadas.
Deus seja louvado! Obrigado!




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