“Tudo passa rapidamente, e nós também
passamos” diz o Salmo 90,10.
”O mundo dá
muitas voltas” diz o ditado popular.
Ao receber a obediência de que seria designado para esta nova
missão na Paróquia Nossa Senhora do Perpétuo Socorro, imagine, o que veio à
minha mente? “Meu Deus, estou voltando
para o mesmo lugar em que iniciei o meu ministério há 29 anos!”.
Fui ordenado no dia 17 de dezembro de 1988 e minha primeira
obediência foi a de trabalhar nesta paróquia como vigário cooperador. Aqui cheguei no início de fevereiro de
1989, foi uma passagem rápida! De mais
ou menos um ano, porém, muito importante para o inicio de meu ministério
sacerdotal, marcando-me profundamente. Daqui fui designado a Roma para
continuar meus estudos e ao retornar ao Brasil meu pensamento seria a de voltar
para esta comunidade.
A vida dá muitas voltas e o Senhor me levou para outros rumos,
levando-me a percorrer lugares diversos servindo a Igreja e a Ordem em locais
jamais imagináveis para àquele jovem que aqui chegou em 1989. Veja os planos de
Deus: Voltei de Roma e fui servir a Paróquia de São Francisco como vigário
cooperador na cidade Belém; depois fui transferido para a Paróquia de São
Francisco na cidade de Imperatriz. Depois por um curto espaço de tempo fui
chamado à servir a Província Capuchinha Nossa Senhora do Carmo e, ao deixar o
cargo fui designado para servir a Paróquia Nossa Senhora do Perpétuo Socorro na
cidade de Capanema.
Agora, após 29 anos aqui estou novamente. Deus seja louvado! Por continuar
servindo a minha Igreja sobre o manto de Nossa Senhora do Perpétuo Socorro! Elevo
as minhas orações ao seráfico Pai São Francisco e como seu filho me coloco
sobre a vossa proteção e aos cuidados maternos da mãe do Perpétuo Socorro para dar início a mais esta nova missão como
pároco desta paróquia.
... No passado ainda jovem quando daqui sair, desejei voltar, mas
Deus tinha outros planos naquele dado momento de minha vida, mas agora aqui estou novamente, não porque desejei ou pedir...
Como frade, não me candidatei para ficar à frente de uma responsabilidade como esta, mas, respondi a uma
solicitação, a um chamado, uma convocação. Então eis a resposta: “Eis-me
aqui. Envia-me!”. Assim, tomar posse como pároco desta paróquia, não é uma posse como o mundo civil entende, não é uma oferta de bens aos quais
devamos nos apegar como propriedade particular, mas é um serviço; tomar posse é responder com
amor a um chamado.
Minha
nomeação como pároco é um gesto de fé; tanto para mim como para vocês. Confesso
que não estava nos meus projetos assumir este serviço. Quanto a vocês, talvez
estivessem esperando outra pessoa ou até mesmo merecesse alguém melhor, mais
santo. Mas, já que assim quis o nosso bom Deus, vamos juntos! Eu e vocês
confiar em Deus e nos seus projetos, “Porque os meus pensamentos não são
os vossos pensamentos, nem os vossos caminhos os meus caminhos”, diz o Senhor. (Is.55,8).
Gostaria de antemão, neste dia
em que sou apresentado oficialmente, dizer que sou consciente da minha
pequenez, das minhas fragilidades; não quero ser visto como um super-homem,
pelo contrário, sou de carne e osso, pecador. Confiaram-me a responsabilidade de
reger a vida desta paróquia, tanto administrativamente como pastoralmente, sou,
portanto, consciente dos desafios. Por isso, estou colocando-me como barro nas
mãos do oleiro, confiante não em mim, mas na graça de Deus, esperançoso e certo
de que encontrarei pessoas boas, acolhedoras e de bom coração, para juntos
sermos colaboradores no anuncio da Boa Nova, carregarmos juntos esse peso para
torná-lo mais leve, sermos expressão verdadeira de uma comunidade cristã na
edificação espiritual das pessoas.
Diz a canção: “Sozinho,
isolado, ninguém é capaz”. Tenho plena certeza de que neste mundo tão
secularizado, nesta sociedade tão complexa, não se chega a lugar nenhum, não se
realiza nada, centralizando atividades na pessoa do padre. Quero contar com o
apoio dos nossos agentes de pastorais, na organização de uma Igreja que seja
marcada por gestos de corresponsabilidade, de comunhão e participação.
Acolhamos o sonho de fortalecer a Igreja, através de uma fraternidade real, uma
rede de comunidades, onde todos se sintam autores e não meros expectadores.
Estou feliz por ser o novo pároco
de vocês e sei que poderei contar com a colaboração de todos. E, sem dúvida
alguma, digo de coração aberto, podem contar comigo! Farei todo possível para
ser como um irmão que não mede esforços para ajudar quem procura.
Nestes primeiros dias o que
vamos fazer? Que passos vamos dar? Antes de tudo prefiro contemplar a
realidade, perceber as lideranças, compreender o que existe pastoralmente e,
serenamente, esperar que vivamos essa fase de adaptação. Tenho muito a
conhecer. Logicamente, não vai ser um conhecer a distância, um conhecer
inoperante, passivo, porque para conhecer é preciso inserir-se, participar se
envolvendo, caminhar por dentro. Não se conhece olhando de longe, apenas
assistindo, mas caminhando de mãos dadas. Caminhemos, portanto!
Além disso, devo fazer todo
esforço para que a Paróquia de Nossa Senhora do Perpétuo Socorro, continue em
sintonia estreita com as orientações da Arquidiocese de São Luís, sob o
pastoreio de Dom José Belizário.
Não medirei esforços para
preservar o zelo pastoral que meus predecessores sempre tiveram com esta
Paróquia. Aqui, em primeiro lugar, quero recordar aqueles que foram os
pioneiros nestas bandas, quando ainda surgiam as primeiras casas, os primeiros
conjuntos e deram os primeiros passos para a implantação de uma comunidade, que
um dia seria a Paróquia Nossa Senhora do Perpétuo Socorro. Figuras como Frei
Hermenegildo que aqui chegou em 1968. Passos seguros e com a coragem e a visão
de quem vê longe abriu as portas para os que vieram depois, como Frei Liberato,
Frei Uderico e Frei Dionísio. A eles a nossa gratidão pela coragem de abrir uma
frente de evangelização, construindo estruturas para melhor servir o povo. Este
caminho foi feito até o dia 16 de março de
1986, quando foi criada a paróquia e nomeado seu primeiro Pároco Frei
Gentil Gianelini, que aqui ficou até o
ano de 1997. Vem em seguida Frei Inocêncio Pacchioni, segundo pároco de 1996 a
2005; Frei Luís Giudicci terceiro pároco de 2006 a 2008; Frei Luís Carlos
Morais quarto pároco de 2009 a 2011; Frei Luís Spelgatti, quinto pároco de 2012
a 2013 e Frei Domingos Marques
Morais sexto pároco de 2013 a 2017. Cada
um deu a sua contribuição, a eles toda minha reverência e todo meu
reconhecimento pela dedicação a esta Paróquia. Deus os abençoe!
Pois bem, consciente da minha
responsabilidade frente aos desafios que a cidade de São Luís, o Bairro da
COHAB, hoje nos apresenta, consciente de que a Igreja está diante de uma
sociedade urbana secularizada, voltada para o indiferentismo da fé e da
religião, anseio e acredito que vou encontrar em nossa Paróquia, pessoas
dispostas a assumir uma “igreja em saída”, missionária. É um sonho viver um estilo de Igreja inspirado
nas palavras fortes do Papa Francisco quando em um dos discursos no Brasil
disse: “Jesus fez assim com os seus discípulos: não os manteve colados a si,
como uma galinha com os seus pintinhos; Ele os enviou! Não podemos ficar
encerrados na paróquia, nas nossas comunidades, quando há tanta gente esperando
o Evangelho! ”.
Alimento a esperança de
conseguirmos chegar aonde ainda não chegamos, atingir pessoas distantes, sair
em busca delas, não apenas ficar esperando que elas nos procurem. Agora lhes
digo com toda franqueza, o como fazer e o que se fazer, não trago a receita
pronta na bagagem. Trago apenas um coração aberto disponível para caminhar com
vocês e, juntos, tentarmos encontrar os caminhos.
Obrigado ao Dom José Belizário
da Silva pela delicadeza com que me recebe em sua Arquidiocese. Obrigado ao
Ministro Provincial Frei Silvio Almeida pela confiança em mim depositado.
Obrigado pela presença dos meus irmãos no sacerdócio, confrades, diáconos, aos
religiosos e religiosas, seminaristas, autoridades presentes, a todas as
comunidades aqui presentes e representadas.
Deus seja louvado! Obrigado!
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